Os pais são agentes essenciais em todo o processo de desenvolvimento vocacional dos seus filhos, influenciando-os direta e indiretamente nas suas escolhas.
O artigo que escrevemos pretende dar resposta às interrogações dos pais, que tantas vezes surgem nas sessões de orientação vocacional.
Influenciar ou “deixar andar”? Resposta (para pensar): E porque não ESCUTAR?
Muitos dos pais parecem oscilar entre uma atitude de “convencer” os filhos e, no outro extremo, de lhes deixar a eles a decisão – uma vez que “eles é que sabem o que querem ”. Propomos uma variante: é preciso saber escutá-los ativamente.
Sabemos hoje que um ambiente familiar que consiga conciliar apoio e escuta com desafios e exigências, acaba por passar sem grande sobressaltos a maior parte dos desafios que são colocados pela adolescência, nomeadamente, a escolha vocacional.
Escutar, no entanto, é mais difícil do que parece…sobretudo para nós adultos detentores de 1001 conselhos para todo o tipo de problemas. Escutar, neste caso, significa gerar oportunidades para que o jovem sinta vontade de se exprimir sem medo de acusações ou reprimendas. A partir destes momentos de partilha, é possível ajudar na procura de respostas às suas questões, ou mesmo, lançar interrogações que permitam um maior esclarecimento. Podem, por exemplo, resolver fazer uma entrevista ao amigo do pai que exerce uma profissão na área de interesse do adolescente, ou combinar uma visita a uma feira de emprego!
Que conselhos eu posso dar ao meu filho sobre que curso seguir, tendo em conta situação atual do país? Resposta (para pensar): É sempre preferível a cana de pesca.
Para poder ajudar um jovem, atualmente, deve-se substituir a pergunta mais habitual de “o que é que eu devo seguir” por outra: “o que é que eu preciso para construir a minha carreira?”
Tendo em conta a extrema incerteza do mundo atual, algumas competências transversais como a criatividade, o espírito de iniciativa, a capacidade de liderança e as competências sociais tornam-se essenciais, porque permitem diferenciar entre um número crescente de pessoas detentoras de grandes capacidades e conhecimentos técnicos.
Como pais e educadores, é preciso estar atento a atividades e iniciativas que desenvolvem esse tipo de competências, dentro e fora da escola.
Quando é que devo começar a preocupar-me?Resposta (para pensar): De pequenino é que se torce o pepino.
Tal como outras questões, as decisões sobre a carreira, apesar de se colocarem de forma mais insistente em determinados momentos, são parte de um processo que começa desde a infância.
Oferecer à criança a oportunidade de usufruir experiências diversificadas ao longo do seu desenvolvimento e devolver-lhe a confiança necessária que a faça sentir-se segura em cada momento de exploração (na escola, nas brincadeiras, nas atividades extra-escolares) gera um adolescente e um adulto com opções mais realistas, mais preparado para as contrariedades, e para conhecer melhor o mundo e a si mesmo.
O meu filho não gosta nem se interessa por nada. Resposta (para pensar): Procure melhor.
Na maior parte das vezes em que os pais vêm com esta preocupação, terminamos por concluir que sim, que o jovem tem alguns pontos de interesse, ainda que os pais avaliem esses interesses como inválidos ou irrealistas.
Para apoiar um jovem no processo de decisão, devemos começar pelo que ele mesmo valoriza. As áreas de interesse dos adolescentes são o espaço onde se reflete a sua identidade, o amor pela vida e a esperança no futuro, e jamais devem ser negligenciados.
Ainda assim, cabe aqui alertar para o facto de que o desinteresse no adolescente, em alguns casos, pode ser a face visível de um sofrimento escamoteado e se for esse o caso, pode ser necessário um acompanhamento diferenciado por um psicólogo clínico.
Artigo também em: www.espacodafamilia.wordpress.com