As expetativas no casal

A investigadora Terri L. Orbuch chegou à conclusão que uma das principais razões de separação dos casais é a desilusão diária gerada pela diferença entre o modo como esperamos que o(a)  nosso(a) companheiro(a) aja e como ele(a) efetivamente o(a) faz. É, no fundo, o fosso que separa o desejo em nós e a realidade.

Mesmo sem que isso seja evidente, muito dos sentimentos de insatisfação mais persistentes dos casais parecem derivar deste “desalinhamento”, sendo certo que esta frustração pode redundar numa ladainha insistente de acusações ou, simplesmente, num lento abandonar da relação.

No calor inicial da paixão, será, porventura, mais fácil ignorar estas divergências ou evitá-las. Mas à medida que a relação vai avançando, elas são impossíveis de contornar. É como um elefante dentro de uma loja de louças.

Ao longo da vida do casal, parecem existir momentos em que estas divergências se acentuam – e que muitas vezes coincidem com eventos de vida transformadores ou particularmente stressantes. Por outro lado, no percurso de ambos, as expectativas sobre o outro podem alterar-se, provocando, muitas vezes, equívocos. Ser verdadeiro connosco e com o nosso companheiro impõe-se nestes casos.

Quando estas discrepâncias acontecem, cada casal reage à sua maneira. No entanto, não é raro gerarem-se conversas intermináveis para tentar “resolver” o desconforto sentido, sem  que no fim se consiga resolver coisa nenhuma.

Numa conversa, o “verdadeiro assunto”, por vezes, escapa-nos. Em vez de discutir atrasos, tarefas não realizadas, comportamentos, podemos perguntar: “mas porque é que esta conversa se gera tantas vezes”, “o que é que tu esperas de mim”? , “ o que é que eu espero de ti?”, “será que são conciliáveis o meu querer e o teu ser”, “será que mudando este pedaço de mim, eu continuo a ser eu mesmo (a)”?

Conversar abertamente sobre o que se espera do outro, partilhando uma necessidade pessoal, pode abrir a porta para soluções mais ricas e o processo de terapia de casal pode ajudar e potenciar estes momentos de conversa.

 

Joana Gomes

(artigo também disponível em ESPAÇO DA FAMÍLIA)

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